Componente Histórico
Cultural
Ecomuseu Pedra Fundamental: uma proposta
interdisciplinar
O Ecomuseu Pedra Fundamental,
um museu a céu aberto, foi concebido com o objetivo de tornar-se
um espaço pedagógico destinado à construção
de novas representações históricas, colocando
a Pedra no centro desse processo. Folheando as páginas dos
livros didáticos do Ensino Fundamental é Médio,
percebe-se que a história da região do Distrito Federal
não está contemplada, ou, no máximo, aparece
de forma isolada e com poucas informações e, na maioria
das vezes desconectada do conteúdo programático trabalhado
pelos professores.
Entre os educadores do
DF, há uma unanimidade de que a abordagem do conteúdo
ministrado em sala de aula, com raras exceções, contempla
apenas os fatos tradicionais da historiografia, transparecendo que
a nossa região não teve nenhum papel relevante na história.
Isso, sem nenhuma dúvida, dificulta bastante o processo de
construção do conhecimento, pois leva o aluno para um
mundo muito distante da sua realidade.
Edificada em 1922, a
Pedra Fundamental animou um longo debate sobre a interiorização
da capital, que se arrastava há mais de dois séculos,
possibilitando a construção do Brasil que temos hoje. A partir desse acontecimento simbólico, muitos brasileiros, de todas as regiões migraram para as cidades goianas localizadas no Retângulo Cruls e imediações, principalmente para Formosa, Luziânia e Planaltina.
Assim, num um contexto escolar, o estudo da região do Distrito
Federal, poderá ser abordado por diversas disciplinas, principalmente
História, Língua Portuguesa, Geografia, Artes e Ciências,
cada qual trabalhando informações pertinentes ao seu
campo específico de conhecimento.
A disciplina História
pode ser contemplada, praticamente em quase todos os pontos do conteúdo
programático, entretanto merece destaque, o estudo da unidade
territorial brasileira, consolidada no início do século
XX com a edificação da Pedra Fundamental. Também
pode ser abordados temas relacionados ao período colonial,
identificando as matrizes étnicas e seus principais núcleos,
que deram origem ao povo brasileiro. A transição do
império para a república no Brasil, até a construção
da capital, naturalmente já faz parte da temática.
Em Língua Portuguesa,
a literatura será priorizada com o estudo dos “casos
e lendas” que tomam conta do imaginário dos antigos moradores,
assim como suas histórias de vida. Em gramática
pode-se fazer uma análise da toponímia do DF, conhecendo
o significado de palavras cuja origem remonta ao período dos
primeiros habitantes e colonizadores da região, como: Taguatinga,
Paranoá, Pipiripau, São Bartolomeu.
Cartografia e hidrografia
do DF merecem destaque em Geografia. É possível fazer
um estudo da cartografia elaborada a partir do Tratado de Tordesilhas/1494,
analisando os demais tratados (Tratado de Madri/1750, e Santo Idelfonso/1777)
que deram origem ao imenso território brasileiro. A Expansão
rumo ao oeste e norte, adentrando terras espanholas, possibilitará
ao aluno compreender o Brasil como um país continente. Determinante,
também, do ponto de vista geográfico, é o divisor
de bacias representado pelo fenômeno das águas emendadas,
que serviu de referencial para inúmeras migrações
ocorridas ao longo do Brasil Colônia, culminando com a formação
dos primeiros povoados no centro-oeste brasileiro.
Em Artes os professores
podem abordar temas como a arquitetura colonial portuguesa, presente
em cidades do DF e entorno, bem como suas manifestações
culturais que atraem centenas de milhares de pessoas anualmente. Festas
populares como a Via Sacra (Planaltina), Cavalhadas (Corumbá
e Pirenópolis), Procissão do Fogaréu (Cidade
de Goiás), Festa da Moagem (Formosa), Festa do Morango (Braslândia),
1º de Maio (Vale do Amanhecer) e a Festa do Divino comemorada
em dezenas de cidades interioranas, obviamente que estarão
na pauta do dia.
Nas ciências o
objeto de pesquisa será a fauna e flora do cerrado, relatadas
nas crônicas dos viajantes europeus que passaram pela região
no século XIX, a exemplo de Saint Hilaire, Emmanuel Phol, Martius
e Spix. A partir daí será possível fazer um estudo
mais detalhado do impacto ambiental no cerrado do planalto, sucumbido
pelo adensamento urbano que tomou conta do DF, principalmente nas
duas últimas décadas.
O Ecomuseu Pedra Fundamental
abrangerá uma parte da bacia hidrográfica do alto São
Bartolomeu, tendo início na junção dos ribeirões
Mestre d’Armas e Pipiripau, atrás do Vale do Amanhecer
(Planaltina/DF), passando pelo Núcleo Rural Capão da
Erva (Sobradinho) e, se estendendo até o Encontro das
Águas, na confluência do Rio Paranoá com o São
Bartolomeu, em Sobradinho dos Melos (Paranoá). Nessa
área estão os núcleos rurais: Pedra Fundamental,
Córrego-do Meio, Capão da Erva, Rajadinha, Vale-do-Amanhecer,
Sobradinho dos Melos e, as nascentes dos ribeirões Córrego-do-Meio,
Sobradinho, Córrego Quinze, Rajadinha, Extrema e Paranoá.
Também serão
integrados ao Ecomuseu, o rico patrimônio material dessa região,
como o Morro da Capelinha, Escola Técnica Federal, Templo do
Vale, Cachoeiras, Parques Ecológicos e propriedades de Turismo
Rural.
Assim pretendemos elaborar, de forma coletiva, um Projeto Pedagógico
interdisciplinar, que seja um retrato do Brasil construído
após a transferência da capital, tendo sido determinante
para a formação da identidade do povo brasileiro. |