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ECOMUSEU PEDRA FUNDAMENTAL

Profº. Dr. Irineu Tamaio 

Ecomuseu é o novo conceito de museus colocado em prática na década de 1970, inicialmente na França. Um "ecomuseu" é o modelo contemporâneo de museu, seguindo os atuais paradigmas científico-filosóficos em oposição ao modelo tradicionalista cartesiano.

O prefixo "eco" faz alusão tanto ao entorno natural, a ecologia, como ao entorno social, a ecologia humana.
O primeiro anúncio público do termo "ecomuseu" foi feito em Dijon, no ano 1971, por Robert Poujade, na época presidente da câmara municipal desta cidade francesa e ministro adjunto do Primeiro-Ministro responsável pela proteção da natureza e do meio ambiente.

Esta referência ao termo "ecomuseu" foi feita por Poujade durante a 9ª Conferência Geral do ICOM, Conselho Internacional de Museus, mas o criador da palavra "ecomuseu" terá sido ou Hugues de Varine ou Georges Henri Rivière. 

Esta nova concepção de museus, traz a contribuição de Varine que incorporou a dimensão ecológica à concepção dos museus ("museu ecológico"), no sentido de aliar homem, natureza e um território sobre o qual vive uma população.


De acordo Rivière, o conceito de ecomuseu é evolutivo e como tal não pode ser definido de forma estática, acompanhando a evolução da sociedade e sendo uma instituição dinâmica. Ele caracterizava o ecomuseu como um museu de um novo gênero, tendo por base três noções: a interdisciplinaridade baseada na ecologia, união com a comunidade e a participação desta comunidade na sua construção e no seu funcionamento. Já três anos depois, em 1976, surgiria a segunda definição, referindo a sua estrutura como um museu que surge violentamente, formado por um organismo primário coordenador e organismos secundários, tendo como um dos seus objetivos a interpretação do meio ambiente natural e cultural, no tempo e no espaço. A terceira versão, em 1980, entende o ecomuseu como o museu instrumento dos indivíduos e da natureza, museu do tempo, museu do espaço, sendo por isso o local de excelência para a real expressão da humanidade e da natureza.

 Jean Clair (1976) define ecomuseu como "Museu do espaço e museu do tempo, ele se ocupa de apresentar, por sua vez, as variações de diversos lugares num mesmo tempo, de acordo com uma perspectiva sincrônica, e as variações de um mesmo lugar em diversos tempos, de acordo com uma perspectiva diacrônica.” Na mesma obra, referindo-se à necessidade de agir para proteger estes conjuntos ambientais, Clair observa: "O que o Ecomuseu postula, mais do que uma participação do público, é uma cooperação dos habitantes.” (01)

Museu tradicional x ecomuseu

 As diferenças entre o "museu" e o "ecomuseu" podem ser baseadas nas definições da "Nova Museologia". André Desvallées, identifica uma nova preocupação com o público e com a forma como o espaço se dirige ao público. Uma preocupação que não se foca na quantidade de público, mas sim na qualidade na interação que possa haver entre o indivíduo e o objeto.

Para Varine, o "novo museu" é diferente do "museu" tradicional em três vértices. Uma vertente é o realce dado ao território, seja meio ambiente ou local, em vez de se realçar o prédio institucional. Outro ponto está na ênfase colocada no patrimônio, em vez de ser dada à coleção, a importância é dada ao papel da comunidade na sua proteção, em oposição ao enfoque dado aos visitantes nos museus tradicionais.  (02)

 


Varine, sintetizou estas ideias neste quadro:

Museu tradicional

Ecomuseu

Coleção

Patrimônio

Público

Comunidade

Edifício

Território

 

Os ecomuseus traz em sua concepção a ideia de aliar homem, natureza e cultura e ao mesmo tempo propõe a valorização do território onde essas relações se desenvolvem. Em sua dinâmica, permitem que a comunidade se sinta representada culturalmente e o ambiente natural onde essa cultura se desenvolveu possa ser preservado.

Para a criação do ecomuseus a própria comunidade contribui na definição do território e se compromete a preservá-lo em suas características físico-ambientais e culturais. A partir dessa concepção a história da comunidade e seu patrimônio deixam de ser parte de coleções formalmente instaladas em espaços fechados (prédios) para ganhar uma dimensão pública, onde o acervo são as experiências vivenciadas no tempo e no espaço, em sua dinâmica.

(01) CLAIR, Jean. As origens da noção de ecomuseu. Cracap Informations, no. 2-3, 1976. p. 2-4. Trad: Tereza Scheiner. in SOARES, Bruno César Brulon.Entendendo o Ecomuseu: uma nova forma de pensar a Museologia, in Revista "Eletrônica Jovem Museologia – Estudos sobre Museus, Museologia e Patrimônio“. Ano 01, nº, 02, Agosto 2006. Acesso: 10.09.2012.

(02) DE VARINE, Hugues. El ecomuseo, más allá de la palabra. in Revista Museum, vol. XXXVII, n°148. Imágenes del ecomuseo. Paris. Unesco, 1985. in SOARES, Bruno César Brulon. Entendendo o Ecomuseu: uma nova forma de pensar a Museologia, in Revista "Eletrônica Jovem Museologia – Estudos sobre Museus, Museologia e Patrimônio" Ano 01, nº 02, Agosto 2006. Acesso 13.09.2012.
Wikipedia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecomuseu - acesso em 08.09.2012.

 

Irineu Tamaio: Professor Dr. da Universidade de Brasília - Campus de Planaltina, atuando nos cursos de graduação em Gestão Ambiental (GAM) e Ciências Naturais (CN). Tem experiência na área de Educação Ambiental e História Ambiental do Cerrado.

 

 

 

Componente Histórico Cultural

Ecomuseu Pedra Fundamental: uma proposta interdisciplinar

O Ecomuseu Pedra Fundamental, um museu a céu aberto, foi concebido com o objetivo de tornar-se um espaço pedagógico destinado à construção de novas representações históricas, colocando a Pedra no centro desse processo. Folheando as páginas dos livros didáticos do Ensino Fundamental é Médio, percebe-se que a história da região do Distrito Federal não está contemplada, ou, no máximo, aparece de forma isolada e com poucas informações e, na maioria das vezes desconectada do conteúdo programático trabalhado pelos professores.

Entre os educadores do DF, há uma unanimidade de que a abordagem do conteúdo ministrado em sala de aula, com raras exceções, contempla apenas os fatos tradicionais da historiografia, transparecendo que a nossa região não teve nenhum papel relevante na história. Isso, sem nenhuma dúvida, dificulta bastante o processo de construção do conhecimento, pois leva o aluno para um mundo muito distante da sua realidade.

Edificada em 1922, a Pedra Fundamental animou um longo debate sobre a interiorização da capital, que se arrastava há mais de dois séculos, possibilitando a construção do Brasil que temos hoje. A partir desse acontecimento simbólico, muitos brasileiros, de todas as regiões migraram para as cidades goianas localizadas no Retângulo Cruls e imediações, principalmente para Formosa, Luziânia e Planaltina.

Assim, num um contexto escolar, o estudo da região do Distrito Federal, poderá ser abordado por diversas disciplinas, principalmente História, Língua Portuguesa, Geografia, Artes e Ciências, cada qual trabalhando informações pertinentes ao seu campo específico de conhecimento.

A disciplina História pode ser contemplada, praticamente em quase todos os pontos do conteúdo programático, entretanto merece destaque, o estudo da unidade territorial brasileira, consolidada no início do século XX com a edificação da Pedra Fundamental. Também pode ser abordados temas relacionados ao período colonial, identificando as matrizes étnicas e seus principais núcleos, que deram origem ao povo brasileiro. A transição do império para a república no Brasil, até a construção da capital, naturalmente já faz parte da temática.

Em Língua Portuguesa, a literatura será priorizada com o estudo dos “casos e lendas” que tomam conta do imaginário dos antigos moradores, assim como suas histórias de vida. Em gramática pode-se fazer uma análise da toponímia do DF, conhecendo o significado de palavras cuja origem remonta ao período dos primeiros habitantes e colonizadores da região, como: Taguatinga, Paranoá, Pipiripau, São Bartolomeu. 

Cartografia e hidrografia do DF merecem destaque em Geografia. É possível fazer um estudo da cartografia elaborada a partir do Tratado de Tordesilhas/1494, analisando os demais tratados (Tratado de Madri/1750, e Santo Idelfonso/1777) que deram origem ao imenso território brasileiro. A Expansão rumo ao oeste e norte, adentrando terras espanholas, possibilitará ao aluno compreender o Brasil como um país continente. Determinante, também, do ponto de vista geográfico, é o divisor de bacias representado pelo fenômeno das águas emendadas, que serviu de referencial para inúmeras migrações ocorridas ao longo do Brasil Colônia, culminando com a formação dos primeiros povoados no centro-oeste brasileiro.

Em Artes os professores podem abordar temas como a arquitetura colonial portuguesa, presente em cidades do DF e entorno, bem como suas manifestações culturais que atraem centenas de milhares de pessoas anualmente. Festas populares como a Via Sacra (Planaltina), Cavalhadas (Corumbá e Pirenópolis), Procissão do Fogaréu (Cidade de Goiás), Festa da Moagem (Formosa), Festa do Morango (Braslândia), 1º de Maio (Vale do Amanhecer) e a Festa do Divino comemorada em dezenas de cidades interioranas, obviamente que estarão na pauta do dia.

Nas ciências o objeto de pesquisa será a fauna e flora do cerrado, relatadas nas crônicas dos viajantes europeus que passaram pela região no século XIX, a exemplo de Saint Hilaire, Emmanuel Phol, Martius e Spix. A partir daí será possível fazer um estudo mais detalhado do impacto ambiental no cerrado do planalto, sucumbido pelo adensamento urbano que tomou conta do DF, principalmente nas duas últimas décadas.

O Ecomuseu Pedra Fundamental abrangerá uma parte da bacia hidrográfica do alto São Bartolomeu, tendo início na junção dos ribeirões Mestre d’Armas e Pipiripau, atrás do Vale do Amanhecer (Planaltina/DF), passando pelo Núcleo Rural Capão da Erva (Sobradinho) e, se estendendo até o Encontro das Águas, na confluência do Rio Paranoá com o São Bartolomeu, em Sobradinho dos Melos (Paranoá). Nessa área estão os núcleos rurais: Pedra Fundamental, Córrego-do Meio, Capão da Erva, Rajadinha, Vale-do-Amanhecer, Sobradinho dos Melos e, as nascentes dos ribeirões Córrego-do-Meio, Sobradinho, Córrego Quinze, Rajadinha, Extrema e Paranoá.

Também serão integrados ao Ecomuseu, o rico patrimônio material dessa região, como o Morro da Capelinha, Escola Técnica Federal, Templo do Vale, Cachoeiras, Parques Ecológicos e propriedades de Turismo Rural.
Assim pretendemos elaborar, de forma coletiva, um Projeto Pedagógico interdisciplinar, que seja um retrato do Brasil construído após a transferência da capital, tendo sido determinante para a formação da identidade do povo brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

V O L T A R

 

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