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Capítulo II

Efemérides de Planaltina

Com o esgotamento das minas de ouro de Santa Luzia (Luziânia) e Couros (Formosa), por volta de 1780, mineradores, aventureiros e escravos se deslocaram em busca de lugar para por roça e terem os seus seguimentos de vida. Planaltina era ponto de pouso das caravanas, dos viajantes e tropas de animais e gado, vindos do vale do São Francisco.

O tal ferreiro, de cognome Mestre d’Armas veio se estabelecer com a sua oficina e pensão a beira da Estrada Real, aí na entrada do Setor Tradicional, nas proximidades do Posto de gasolina. Desse cognome veio o nome do Sítio: de Mestre d’Armas. Isto pode ser confirmado nos registros do Museu das Bandeiras na cidade de Goiás.

Sabe-se que até 1810, havia no Sítio uma série de famílias: Francisco  Freitas Coelho, João Francisco Antonio, João Carvalho da Cunha, Antonio Martins Correa, Manoel Rodrigues de Almeida e Bernardo da Silveira, dentre outros.

A 20 de janeiro de 1811, dia de São Sebastião, padroeiro das localidades do Sítio, ocorreu a missa de fundação do Arraial de São Sebastião de Mestre d’Armas. Acreditamos que nessa data tenha ocorrido a doação oficial e pública, da meia légua de terra por uma, conforme promessa feita anteriormente pelos moradores do mesmo Sítio. O fato acontecera como forma de agradecimento ao Santo pelo afastamento de uma epidemia, que dizimava quase toda a população.

 

 

 

 

Em 1835 foi criado o terceiro Distrito da Vila de Couros, que inclui o Arraial de São Sebastião de Mestre d’Armas. No ano seguinte, João Gomes Rabelo foi eleito como representante do Arraial no Conselho Municipal da Vila de Couros. No ano seguinte, João Gomes entra com um abaixo-assinado, com 60 assinaturas, pedindo o desmembramento do Terceiro Distrito daquela Vila. Nesse tempo, João deu entrada com o mesmo abaixo-assinado no Conselho de Santa Luzia, pedindo a inclusão do Distrito no rol de Comando daquela outra Vila. Essa luta durou até o final do século. Ora, Mestre d’Armas pertencia a Luziânia, ora se via como parte de Formosa.

No dia 19 de agosto de 1859, que a cidade hoje comemora o seu aniversário, o Arraial de São Sebastião de Mestre d’Armas foi elevado à condição de Distrito com a denominação de Mestre d’Armas.

Pela Lei 615 de 2 de abril de 1880, foi criada a Paróquia de São Sebastião da Igreja católica, obrigando as visitações dos padres mais frequentes e a permanência por mais tempo no Distrito.

A 13 de outubro de 1882, o Conselho Municipal de Formosa da Imperatriz autoriza a criação da Aula de Primeiras Letras para o sexo masculino em Mestre d’Armas, pedido de seu membro Francisco Martins Mundim. Sabe-se que o primeiro professor, Salvador Coelho da Silva Campos antecede as suas aulas a esse tempo de oficialização da Escola.

O revezamento dos professores dessa Aula veio até meados da década de 20, com a criação do Grupo Escolar Brasil Caiado. Nesse período, vários professores, a serviço do Estado, foram titulares dessa Aula: Affonso Coelho da Silva Campos, Horácio de Almeida Campos, Virgílio Monteiro, João Gomes Rabelo, Tibúrcio Gomes Rabelo, José Alves Pereira, Carolino de Souza (rural) e José Guimarães Mundim (Jucão). No início do Século destaca-se a Mestra Rita Salgado, que criou por sua iniciativa uma Aula de Primeiras Letras para o sexo feminino.

Em 1891, pelo Decreto de 19 de março, o Distrito de Mestre d’Armas foi elevado à categoria de Vila. Mas houve um obstáculo imposto pelo Estado: O povoado teria que doar três prédios para instalação da Aula, da Cadeia Pública e do Paço Municipal.

A 20 de fevereiro de 1892, sob a orientação de João Quirino, com as doações devidas, foi instalada a Vila com a denominação de Mestre d’Armas.  Este ano foi marcado pela passagem da Comissão Cruls pela região.


A primeira Intendência, com a instalação da Vila, ficou assim constituída:

            João Quirino Silvério de Lima – Intendente (Presidente)
            Simião Gomes Rabelo – Intendente
            Victor Pereira Valverde – Intendente
            Manoel Coelho Guimarães – Intendente
            Pedro Gomes da Silva Campos – Intendente
            Claro Carlos de Alarcão – Delegado
            Militão Gomes Rabelo – Sub-delegado
            Eleodoro Vaz Cardoso – Sub-delegado
            Limírio Pinto de Oliveira – fiscal
            Antonio Batista Café – Procurador
            João da Cruz Antunes – Porteiro do Paço


Compreendemos a história de Planaltina em dois períodos subsequentes: Antes e depois da instalação da Pedra fundamental do Distrito Federal. Isto corresponde a duas subdivisões próximas e semelhantes: 1) Antes e depois da denominação de Planaltina (1917); e 2) Antes e depois da criação da Empresa Bevinhatti, Salgado e Cia. (1917).  

Os primeiros anos de Intendência foram marcados por pequenos serviços prestados no desenvolvimento do lugar. A Vila, que utilizava-se do Largo da Igreja como cemitério, ganha em 1893 um cemitério novo. O Povoado que usava a Casa do Tronco, ou simplesmente o “Tronco” (Rua 15 de novembro – em frente a antiga casa do Senhor Dustan Cardoso), ganha o nome de Cadeia Pública. E a Aula de primeiras Letras, que usava como empréstimo casas de particulares, utiliza-se de uma casa dos antigos lagoeiros no Largo da Igreja. No ano seguinte, 1894, o cemitério ganha uma capela, pelo empreendimento de luta do Pe. Francisco Xavier Savelli, encarregado da Paróquia de São Sebastião.

Em 1909, foram construídos regos com a distribuição de água passando pelos quintais das residências. Em 1910, pela Lei Estadual 383, a Vila passou a se denominar de Alta-Mir (alta miragem).

Os Intendentes dessa primeira etapa foram: João Quirino (eleito por aclamação e deposto pelo Presidente do Estado), Ermindo Deocliciano de Loyola (Indicado pelo Presidente do Estado), Simião Gomes Rabelo (que assumiu na ausência de Ermindo que desapareceu), Salvador Coelho da Silva Campos (Primeiro Intendente eleito pelo voto secreto e direto do povo), Affonso Coelho da Silva Campos, Victor Rodrigues de Castro, Pedro Gomes de Castro, Victor Pereira Valverde, Francisco Alves da Costa (Chiquinho da Lagoa), João Quirino (que renuncia com um ano de mandato por pressões políticas), José Monteiro Guimarães (quando quem deveria assumir era Manoel Inácio Coelho) e Manoel Inácio Coelho (com a morte de José Monteiro Guimarães).

Os próximos Intendentes, a partir de 1911 foram: Salviano Monteiro Guimarães, Victorino Bevinhatti (1915) e Sebastião de Souza e Silva (1919).  Em 1917, pela Lei Estadual 541 a Vila de Alta-Mir recebe a denominação de Planaltina.

Nesse tempo, foi criada uma Empresa: Bevinhatti, Salgado e Cia, de propriedade de Victorino Bevinhatti e Alexandre Dumas Salgado, responsável pelo maior surto de desenvolvimento da Região. Essa Empresa se instalou como Curtume de Couros, Fábrica e Indústria de calçados e artefatos de couro, Charqueada e Lojas de Comércio. Ela administrou a construção da primeira estrada de rodagem, tendo como Coordenador Viriato de Castro (Vice-Intendente na época), que serviu para o transporte da Pedra Fundamental e entrada do primeiro ônibus no Estado de propriedade dessa mesma Empresa. 

A 7 de setembro de 1922, por ordem do Sr. Epitácio Pessoa, Presidente da República, foi lançada no morro Centenário, em Planaltina, a Pedra fundamental do Distrito Federal e futura capital do país. Este acontecimento criou novas perspectiva de vida na Região. A esperança com interiorização da Capital renascia no pensamento de cada morador de Planaltina e das pessoas que se deslocavam para as delimitações do espaço descrito por Cruls. A Empresa Bevinhatti, tendo construído uma usina hidroelétrica, concede luz elétrica e energia para os moradores da Vila (Planaltina torna-se o segundo lugar habitado com luz elétrica do Estado de Goiás, depois da Capital).

O lançamento da Pedra Fundamental ocorreu numa solenidade especial, sob o comando do Engenheiro Balduino, com as presenças de autoridades do Estado, de Luziânia, de Formosa e de Planaltina, além de muitos moradores da Vila e da cidade de Formosa. Discursos, apresentações da Banda local e de homenagens teatrais. Isso se fazia como comemoração do centenário da Independência do Brasil.

Em 1924, houve a passagem da Coluna Prestes. Carlos Prestes, Júlio Prestes, Juarez Távora, Izidoro Dias Lopes e um grupo de mais de trezentos companheiros e seguidores formavam a Coluna. Pouco tempo depois outro grupo de mais de duzentos “simpatizantes”, que em nome da Coluna aprontavam com invasões, agressões e extorsões. Acamparam na Fazenda Bonsucesso e arredores, os primeiros usavam como principais as pregações, e o segundo bloco com o uso da crueldade, fazendo a agregação. Dois anos mais tarde, a Coluna retorna da Bahia e passa nas proximidades de Planaltina.

Em 1929 foi construído um grupo escolar da Vila com a denominação de “Brasil Caiado”. Ele ficava localizado na Praça da República, hoje Salviano Monteiro Guimarães.

Depois de lançamento da Pedra Fundamental, os intendentes até o final da década foram: Alexandre Dumas Salgado (1923), Deodato do Amaral Louly (1927) e Balbino Claro Alarcão (1931) – Já iniciando a  década seguinte. Durante estas três intendências, o movimento mudancista desenvolveu-se grandemente na Vila: a chegada do Pastor evangélico Dr. Franklin Gram Ham; inauguração do serviço postal com auxilia de automóvel; criação da Banda de música “6 de outubro, com os funcionários da Bevinhatti, sob o comando de Alexandre Sicherolli; criação da primeira Escola rural do Torto com o Professor Carolino de Souza; criação dos projetos e loteamentos de Cidades dentro do perímetro do Distrito Federal de Cruls (Planópolis, Platinópolis e Planaltinópolis – dois deles de Deodato do Amaral Louly), com escritórios de venda por todo o país. Houve um projeto da Vila Brasil de Francisco Juliano que não foi aprovado; construção da Cadeia pública, que se transformara-se em Paço Municipal e Fórum; construção do Grupo escolar e criação do Jornal Alta-Mir.

De 1933 a 1954 é um período que pode ser considerado como o da esperança e prosperidade para Planaltina. De um lado os sucessivos acontecimentos de relevância político social e, de outro, a crescente expectativa de que a Capital seria instalada no Distrito Federal de Cruls e nosso. 1933- foram anunciadas como eleitoras na Vila: Anascência Francisco Faria, Eufloriaza Alves da Costa, Maria Benedita da Silva Braga, Eliacena Pereira da Costa, Rita Salgado, Olívia de Almeida Campos Guimarães, Maria América Guimarães e Adelina Salgado; 1935 – Dr. Hozanah de Campos Guimarães foi para o Conselho Deliberativo do Estado; 1938 – (2 de março) – pelo Decreto 311, a Vila foi elevada à categoria de cidade, com a denominação de Planaltina; 1946 – Passagem e estudos da Comissão Poli Coelho, que reafirmam o relatório da Expedição de Cruls; 1947- a Cidade de Planaltina foi considerada como Comarca de 1ª Entrância; Planaltina ganha de presente um avião teco-teco de Coimbra Bueno pela votação expressiva para o Governo do Estado e, com isso, constrói e inaugura o Aero-Club da Cidade; 1948 – foi criada a Fazenda Mista de Agricultura, como Modelo; 1949 – Construção do Matadouro público; 1951 – Criação da Escola Norma “Olívia de Campos Guimarães”; Criação do loteamento do Bairro Nossa Senhora de Fátima; 1953 – Passagem e estudos de localização da futura Capital Federal pela Comissão Marechal José Pessoa.

Nesse período de ação, quase permanente, foram Intendentes: 1932- Alberto Moreira de Carvalho (Interventor), 1933 – Dr Hozanah (Interventor), 1935 –Epaminondas da Silva Campos (Interventor, substituindo Dr. Hozanah que assumira o Conselho Deliberativo do Estado), 1935 – Gabriel de Campos Salgado (Interventor - com a morte de Epaminondas) e Francisco Mundim Guimarães (Interventor Intendente – 38 – Interventor Prefeito Municipal até 1943), 1943 –João Carlos (Interventor até 1947); 1947 – Dr. Sizenando da Silva Campos (eleito) e 1951 – Francisco Mundim Guimarães (eleito).

Durante esse tempo da história, duas Escolas se destacaram além do Grupo Escolar Municipal: Escola Paroquial São Sebastião, com a orientação católica, e o Colégio Evangélico, que oferecia até o curso complementar, funcionava com a orientação da Igreja Presbiteriana.

Incluímos, ainda, dois Prefeitos Municipais do momento de construção de Brasília: 1955 – Veluziano Antonio da Silva e Oswaldo Vaz. Durante à administração do 1º: Construção do Hotel de Nossa Senhora de Fátima e povoamento do Bairro de mesmo nome; Criação da Vila Vicentina para abrigar os candangos da construção da Cidade Brasília; Construção do Colégio Agrícola e Estação do Eta 44 ou Fazenda Modelo; e Construção da Prefeitura Municipal na Rua João Quirino. Na administração do 2º, houve a criação da data comemorativa do aniversário da Cidade (iniciando-se pelo centenário) e transferência de documentação para uma nova Sede da Cidade no espaço do Município, que ficara fora do Distrito Federal.

Com a inauguração de Brasília, 21 de abril de 1960, Planaltina passou a ser cidade satélite, sem mudar a sua denominação.

A história da cidade teve continuidade, mas o presente trabalho termina as informações de acordo com as suas delimitações. Sabemos, porém, que a história tem outro volume de informações no que será “Planaltina, destino e memória”, em projeto.

 

V o l t a r

 

 

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