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CARTILHA CULTURAL DE PLANALTINA

Por Mario Castro

Apresentação

Comenta-se a falta de textos e pesquisas sobre Planaltina e principalmente que abordem a cultura de seu povo.  Ouvimos permanentemente que há muitos estudiosos, aqui e acolá, em busca das fachadas dos casarios, das informações sobre as construções ou sobre as festas tradicionais: Novenas, quermesses, folias, semana Santa ou movimentos de expressões folclóricas.
                
O resultado desses esforços, no curso da história, tem representado pouco, considerando a riqueza de nossas lendas, nossos causos, nossa farmacopeia, nosso artesanato, nossas brincadeiras de rua, além de tudo que é tomado e especulado.   

O sucesso desses estudos sempre esteve vinculado ao interesse da política vigente. Assim, há políticos que selecionam assessores e com isso, dão prioridade e atenção a certos campos da arte e valorizam ou desvalorizam os movimentos de “folk” em pauta e presentes ou aconteceram nos idos da história daquela sociedade.

Já ouviram falar em “umbigada” ou “curraleira”¿ “Dança de São Gonçalo”, “incelências”, “canto das pastorinhas”, “os causos de Rumãozinho”, “testamento do Judas”, “benzimentos”, “folia de São João”, “procissão do pote”, “reza da ladainha”, “corrida do bacondê” e tantos outros... Mas por quê pesquisar o nem se faz ou pratica mais¿ Podem ter ouvido falar, muita gente não sabe do que se trata ou quando isso tinha passagem em Planaltina.

Ainda que alguns grupos, algumas escolas, Administração Regional, a Igreja Católica, entidades e o envolvimento de pessoas, em particular, a cultura fica reduzida a uns poucos movimentos, ligados ao poder de suas mobilizações. Se resultam em votos, são movimentos bons que se auto sustentam ou de “inclusão”. Se, de outro lado, não tiverem “plateia”, são coisas de uma cidade velha, velharias do tal “ferreiro” que ninguém sabe quem foi ou de tal família “Gomes Rabelo” de uns poucos sobreviventes. “Certo!” Isso é conversa de quem desconhece tudo e nem se preocupa em conhecer.

Ouve-se dizer das festas tradicionais e das tradições, mas pouco se sabe em profundidade dessas manifestações de expressão cultural.
           
  Com o aparecimento de Brasília, a cidade teve modificados o seu espaço e sua densidade demográfica. Novos habitantes e novas experiências de vida e cultura. Mas esse capítulo tem sido colocado como matéria de pouca relevância.
             
Cartilha cultural de Planaltina é uma pálida atitude na direção de informar e opinar diante erros propositais ou da improvidência daqueles que comandam e orientam sem a vivência ou o conhecimento na preparação de seus “projetos”.
           
O presente trabalho é uma revisão do que tivemos oportunidade com quase cem entrevistas aos moradores de Planaltina: antigos, desde 1969, e novos, a partir de datas mais recentes. Os registros foram avaliados com a cautela com a comparação dos textos das entrevistas e dos compêndios ou manuais de folcloristas de reconhecimento nacional.
           
Subdividimos a Cartilha em três capítulos atendendo as delimitações do público alto, que a mesma quer atender. Estudantes e curiosos perdidos pela falta de informações.

O primeiro capítulo trata-se do “Potencial turístico e ecológico da cidade”, como manifestação para confirmar os sonhos de D. Bosco e de Bernardo Guimarães, a forma despojada da Comissão Cruls, com a escolha inserida no seu Relatório, a coragem de JK fazendo o acontecimento de Brasília, e, o acolhimento a tantas pessoas que deixaram os seus rincões e raízes para abraçarem os destinos de Planaltina.

O segundo capítulo fala sobre as “Efemérides de Planaltina”, com o registro de datas e acontecimentos arrolados como importantes para uma visão global do espaço, tempo e história da sociedade

O terceiro capítulo aborda as “Manifestações culturais da cidade”, como finalidade principal do trabalho. E por último, fazemos um breve tratado sobre “A mágica e o sobrenatural” como portal para relatar, narrar e comentar sobre os “causos” que o povo conta.

 

Capítulo I

Potencial turístico e ecológico da cidade

Tudo aquilo que pode provocar a atração com desejo de ver, de sentir, de comprar, de usar para o entretenimento, finaliza como fonte para o turismo num determinado lugar ou região. Planaltina possui um conjunto de atividades religiosas e artístico culturais que compõem um de seus focos turísticos; outro, também importante, reúne artesanato, artes plásticas e musicais com o especial poder de mobilizações;  e, finalmente, aquele, que congrega os monumentos de valor histórico e pontos naturais de beleza incontestável, pode ser considerado como foco de valor imponderável nas ocorrências do turismo.

Assim, invertendo a ordem de colocação e iniciando pelos pontos naturais que chamam a nossa atenção por uns cem números de atrativos turísticos, numa proposta de ecoturismo nas planuras de cerrados, desse Planalto Central.

Dom Bosco sonha com essa localidade na afirmação de correr leite e mel entre os paralelos 15 e 20. E não nos interessa se o “leite” seja um indicativo de fartura de alimentos, de outros sonhos, de desejos ou de prosperidade para o povo brasileiro. A metáfora cabe no inconsciente de cada um produzindo o resultado que Brasília precisa ter em forma de consideração. E, em seguida, o “mel” que poderia significar ouro, pode também, valer como recursos, dinheiro, de onde as decisões nacionais são ordenadas, indicados os seus destinos a partir de Brasília. A nova metáfora encontra-se nas mãos dos políticos e governantes de nosso país, na Cidade.

Outro que sonhou através de suas palavras foi Bernardo Guimarães, quando compõe o seu poema: “O ermo”. O poeta vê os cerrados vazios, com os indígenas já bem distantes e faz um desfile de metáforas condizentes. Num momento ele diz: “Eternos cofres d’ouro e pedraria”, onde repete as emoções e sensações de D. Bosco, na expressão “mel”. Mais adiante, quase no final do poema, ele afirma: “...a coma da floresta/Linda cidade surja...” e “...aí a voz do povo murmurará...”, “...serão risonhos parques suntuosos...”, “...Refletirão no límpido regaço/Torres, palácios, coruchéus brilhantes/Zimbórios majestosos, e castelos...”. Nessas expressões metafóricas o poeta substituía a visão dos pelo vislumbre de uma cidade, ali adormecida: Brasília.
Tudo isso para afirmar que os cerrados planálticos esperavam dos sonhos o encantamento dos céus. Mas, a sua paisagem e a sua produtividade estavam nas contas fracas, diante de outros lugares mais exuberantes. Porém, as avaliações foram denotando números e o seu ecossistema passou do nível inferior para patamares melhor acolhidos. Assim, as plantas e os animais do cerrado, depois de catalogados mostram que a exuberância combina com a resistência, que os frutos apresentam valores nutritivos acolhidos pela pesquisa e pela sociedade. As águas nascem pura no divisor de águas para percorrem longos caminhos até outros Estados. O solo apesar de erosivo é rico em nutrientes e minerais. E daí por diante...

01.Temos uma lagoa Mestre d’Armas, conhecida como Bonita, lugar aprazível dos passeios no passado da história, hoje encontra-se dentro das delimitações de um Parque ecológico, só podendo ser apreciada de longe. Essa Lagoa é um marco na história da região, pois era o espaço escolhido como parada para os tropeiros com suas boiadas do Vale do São Francisco. Essa área a sua volta abrigou várias famílias dos “Gomes Rabelo”, “Carolino” e “Alves da Costa”. Eram chamados de “lagoeiros”. Eles fizeram a doação das terras para o estabelecimento do Povoado, Arraial, Vila e Município. Há quarenta anos, sua orla era coberta de palmeiras e era notório que o seu volume de água, também, era maior.

02.As nascentes das Águas Emendadas (Tocantins e Prata – duas das principais bacias hidrográficas do país), ante pertencia ao Sítio “Tabocas”, hoje encontra-se dentro do espaço do Parque Ecológico de Águas Emendadas. Fenômeno único no mundo, de nascentes de águas correrem para duas regiões opostas de um espaço territorial. Cita-se ainda, que uma das nascentes do São Francisco não fica muito distante dessas (Águas Emendadas).

03.Lagoa do Bonsucesso situa-se na Fazenda de mesmo nome e é propriedade particular. Constitui-se num lugar bonito, que é usado como recanto isolado daquela Fazenda.

04.Lagoa da Piteira que teve as suas delimitações diminuídas para ¼ do que era há 40 anos atrás. Hoje é o centro de um clube campestre com o acesso limitado de seus visitantes. Suas águas no passado eram consideradas termais. Lagoa da água quente como falavam.

05.Lagoa da Fervedeira dista da Piteira por uns quatrocentos, quinhentos metros, rio Mestre d’Armas abaixo. É Fervedeira por suas águas nascem de pontos que provocam, o tempo todo, borbulhas na sua superfície. O seu acesso é dificultado pelo mato ainda virgem nas suas imediações.

06.Lagoa do Edimar, nas imediações do Condomínio Sarandi, do outro lado do Córrego do Fumal, muitos frequentada por populares com o banho e pequenas pescarias.

07.Lagoa do Garrancho situada do outro lado do Rio Mestre d’Armas nas proximidade da antiga Clínica de Repouso do Planalto. Ela é toda fechada de galhos de árvores que a fecha por cima. A água é cristalina e azul.

08.Lagoa Vicente Pires fica situada no fundo da Escola Classe Alta-Mir, nas imediações do loteamento da Bica.

09.Cachoeirinha do Pipiripau, nas proximidade do Antigo Frigorífico de Planaltina, tem muitas quedas d’água, sendo que a sua parte central, propriedade particular, constitui um pequeno clube.
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10.Cachoerinha do Sarandi fica nas nascentes do Córrego de mesmo nome, depois da EMBRAPA, e conta com grande número de visitantes populares. Um lugar bonito que ainda conserva as suas formas origianais.

11.Cachoeira do Córrego do Meio fica depois do povoamento de chácaras de mesmo nome, quase Sobradinho, e constitui a maior de todas elas.

12.Morro Centenário, que contém a Pedra Fundamental do Distrito Federal, situa-se depois do Colégio Agrícola de Brasília. Recebe um grande número de visitantes, com estacionamento, praça para descanso e heliporto. A vista de Planaltina do Morro Centenário é bonita e espetacular.

13.Morro da Capelinha, que contém o cenário da Via Sacra com ocorrência anual de encenações da Paixão de Cristo, possui no ponto mais elevado uma Capela de Nossa Senhora de Fátima. No passado, idos de 45 até 54, acontecia uma romaria nesse Morro e a Cidade ficava esvaziada. Depois nos anos 80, quiseram refazer a ideia da Festa de Fátima e com poucos anos desaparecera. Muitos turistas visitam o Morro da Capelinha pelos cenários usados pelo Grupo Via Sacra.

14.Há muitos recantos ecológicos, hotéis fazenda e Pesque-Pague na    área rural de Planaltina. Todos eles são empresas particulares.   
       
As pessoas que encontram-se na área não possuem a dimensão do conjunto dos pontos com o grande atrativo turístico. Não há dúvidas, que, unitariamente, cada ponto tinha o seu reconhecido valor ecológico, histórico ou turístico. E na área rural as preocupações dominantes giram entorno dos agronegócios. As autoridades políticas não possuem uma proposta que una  a falta de estrutura para o desenvolvimento do turismo adequado e necessário para a Região administrativa, os atrativos naturais, educação socioambiental e uma visão positiva dos moradores em relação ao turismo.
        
Assim, o turismo ecológico em Planaltina é incipiente, restringindo-se a obediência relativa de algumas APAS e um Parque Ecológico, como norma de preservação desses pontos todos.

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